Desnudo meus olhos de todo dogmatismo e enxergo,
Por debaixo da blusa, os seios da sociedade onde estão a mamar,
Impiedosamente, políticos mimados.
Desnudo meus olhos de toda ignorância e enxergo,
Nas galáxias mais profundas da vida, o pulsar do encantamento que espalha,
Vigorosamente, a paixão libertária.
Desnudo meus olhos de toda artificialidade e enxergo,
No íntimo do ventre do povo, a naturalidade do embrião da revolta,
Fervorosamente, a confrontar o arcaico.
Desnudo meus olhos de toda propaganda e enxergo,
Pelo avesso da matéria, a beleza caminhando em passos largos,
Livremente, a clamar pela consciência.
Desnudo meus olhos de todo comodismo e enxergo,
No espelho trancafiado no baú das sombras, a chave da represa que, quando aberta,
Indevassavelmente, enche a maré de sonhos.
Desnudo meus olhos de todo egoísmo e enxergo,
Diante da escalada na pirâmide, que o olho que tudo vê,
Irreparavelmente, não enxerga a gordura em sua própria retina.
Desnudo meus olhos de toda selvageria e enxergo,
Nessa floresta mercadológica, que a madeira sustentadora desse ecossistema,
Progressivamente, está a ser devorada por cupins negocistas.
Vinni Corrêa
30 de março de 2008
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Cena do filme "O Cão Andaluz" de Buñuel |
Cena do filme "O Cão Andaluz" de Buñuel |
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Cena do filme "O Cão Andaluz" de Buñuel |
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