Meus sonhos negros e meus pesadelos brancos
Vejo toda noite a mulher em prantos
O sabor do meu olhar apresenta-se amargo
Sem expectativas e aparentemente cinza ou pardo
Uma vez que isso não sai da minha cabeça
Nada é capaz de fazer com que algo dela eu esqueça
Uma taça de vinho adormece o meu enlevo
Que dá fim a todo o nosso enredo
Os dias e as noites não possuem brilho
Dou volta nos mesmos trilhos
Um mundo surrava as portas enquanto eu tentava dormir
E eu forçando os erros para que em meus sonhos eu pudesse cair
Finalmente a queda
Há um corda onde eu tento me segurar
Tento subir mas não saio do lugar
Escorrego com as minhas mãos sujas de querosene
Ela risca o fósforo para que eu me despenque
O fogo me consome por completo
A fumaça prenuncia o final concreto
Fico embriagado em estado de transe
Não há como escapar não há nenhuma chance
Relembro meus últimos instantes com ela
Agora a dor merecida pela queda
Um mundo surrava as portas enquanto eu tentava dormir
E eu forçando os erros para que em meus sonhos eu pudesse cair
Finalmente a queda
Me via em cima de um enorme prédio
Recordava o quão bom era o meu tédio
Quando enfim vi que o céu era o chão
Tarde demais para que eu usasse as minhas mãos
E me arragasse nas chances a mim oferecidas
Então ela veio acertar as minhas feridas
Mais uma vez não pude evitar o meu decréscimo
Meu tempo era contado em milésimos
Tendo a perecer dessa maneira
Terminar nada mais do que poeira
Um mundo surrava as portas enquanto eu tentava dormir
E eu forçando os erros para que em meus sonhos eu pudesse cair
Finalmente a queda
Vinni Corrêa
02 de março de 2004
![]() |
René Magritte - Golconda |
![]() |
Marc Chagall - La caduta di Icaro |