Com telhados de zinco
São os barracos de palafitas ou tapume
Na beira da vala
Apenas a terra batida como piso
Um fogão velho na copa
E colchões furados na sala
Entre os barrancos a enxurrada
Arrasando as madeirites pela frente
E os sonhos de um povo sofredor
Amontoando-se pelas vielas
Acochando-se em fileiras
Seguem os pobres pela favela
No lixão os detritos, os entulhos moídos
Da sociedade desmoronada
Nos reerguemos aflitos, somos nós os excluídos
Quando se arruma confusão
Não se arma barraco, arma mansão
Quando está para entrar numa “fight”
Não é nega que desce o morro, é do elevador que surge a “socialite”
Quem suja as ruas como um porquinho
Não é favelado, é riquinho
Quando se enfia os pés pelas mãos
Não é Paraíba, é patrão
Não troque o certo pelo duvidoso
O pobre trabalha, o rico é ocioso
Vinni Corrêa
25 de novembro de 2006
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