Hoje foi dia de tomar porre
Todo o fôlego de uma golada saciou em perfume
Adocicado de minhas veias por onde corre
A cor âmbar que descreve a linha de cardume
Esse porre não é uma bebedeira de alcoólatra
Se fosse tessitura não haveria em meu trote
Que segue teus caminhos este teu idólatra
A tudo isso saúdo com mais uma dose
Para teus ouvidos fecho minha doce glote
Deixo-te plena com o sopro do meu brado
Um pigarro me coloca desafinada tosse
E teu mel alivia meu canto grado
E não adianta continuo minha embriaguez
Mesmo que isso me cause pirose
Não há um soluçante pensar nessa surdez
A tudo isso saúdo com mais uma dose
Tua alegria não precisa me injetar glicose
Teu próprio beijo é capaz de inebriar-me
Bebo o quanto for de ti sem melancolia e cirrose
Se é no incendiar que se consome a nossa carne
Lambo teu líquido sugo carinhosamente roço a barba
Quero que sintas meu cativante bafo em teu cangote
Bebo teu umbigo e de cunilíngua encho a cara
A tudo isso saúdo com mais uma dose
Bebo de ti o quanto for
A seiva de tua flor
Que impeço que ela se esgote
Hoje tomarei outro porre
Vinni Corrêa
12 de setembro de 2010
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