"é a prática do sexo anal que provoca a endocardite bacteriana”
“por isso, todos os pacientes homossexuais têm endocardite bacteriana”
Essas são afirmações de uma médica em uma palestra que pode
ser conferida no seguinte vídeo:
A especialista ignora que não há registro de estudos
científicos que apontem a relação direta entre a endocardite e o sexo,
inclusive, o anal. Procure por qualquer artigo científico sobre endocardite
bacteriana e tente localizar por algum tipo de ligação da doença com a prática
de dar o rabo. Não encontrará. É claro que a falta de higienização na região
anal pode concentrar, sim, inúmeras bactérias e causar doenças como a
endocardite bacteriana, que ataca o coração. Não apenas na pessoa passiva, mas,
também, na ativa. Mas a higienização e o sexo seguro com camisinha evitariam
tal risco.
Outro
dado importante, a frequência de endocardite não é agravada pela infecção do
HIV, assim como sua incidência é igual em pacientes de outros grupos de risco.
E, diferente do que afirma a doutora do vídeo, a endocardite bacteriana pode
ser transmitida, inclusive, no sexo tradicional, ou seja, da pica para a buceta
e vice-versa.
Interessante
é que a opinião da médica é a mesma do grande ignóbil pensador brasileiro Olavo
de Carvalho.
“ a mulher não sente absolutamente nada [prazer] com a prática do sexo anal, a não ser o sofrimento físico, a dor”
Que essa médica diga isso por ela. Provavelmente ela sofreu algum trauma na vida dela. Ou a primeira vez dela no rabo foi dolorosa ou ela foi violentada. Isso devemos respeitar. Mas, não é por isso que se deve afirmar que NENHUMA mulher sente prazer na região. Há, sim, muitas que sentem prazer com a penetração no cu. O grande problema é que a maioria sente dor na região, pois, além de não ser naturalmente lubrificada (nada que cuspe, manteiga, gel lubrificante ou, como diria Bela Gil, baba de quiabo não possam resolver), é uma área muito apertada na mulher, devido a anatomia da sua bacia. Mas muitos toques de carinhos e alguns beijos podem resolver.
“sem lubrificantes artificiais [e os naturais?], sem anestésicos para limitar a dor, é uma prática dolorosa, humilhante, violadora”
Dolorosa, tudo bem. De fato, as mulheres acham isso. O
rompimento do hímen também o é para muitas mulheres. O sexo anal não significa
falta de carinho. Ou, ao menos, não deveria significar.
Humilhante? Violadora? Se uma mulher for forçada a tal
prática, sem dúvida, é. Aliás, ninguém deve ser forçado a nada que não queira
fazer. Isso sim é violação. Provavelmente ela nunca recebeu uma lambida no
períneo ou na entrada do cu.
“sendo que ela tem um órgão próprio para isso. Por que o homem teria de submetê-la a esse tipo de atividade se não fosse por sadismo?”
Submeter uma mulher a uma prática sexual que ela não deseja é, certamente, sadismo e, mais que isso, violência, estupro. Mas isso vale para qualquer outra prática sexual além do sexo anal. E por que, diabos, o sexo anal deveria ser algo violento?
Ainda segundo ela, a próstata pode até dar prazer no sexo
anal, mas se feito com tamanha violência.
“Sexo anal pressupõe o câncer de próstata”
Também
não há evidência científica que determine a relação entre a prática de ser
enrabado com o câncer de próstata. Quem gosta de liberar a rosca, pode fazê-lo
tranquilamente, sem peso na consciência quanto ao câncer.
Então, é verdade que o sexo anal faz mal ao coração?
Como já escrevi em um poema:
quando o coração sofre mais que o cu é sinal de que o amor
não foi lubrificado o suficiente
;)